INTRODUÇÃO
Qual foi a última vez que você provou um café raro? Recentemente, fomos convidados pelo nosso grande amigo e produtor, Luiz Paulo, para visitar a Fazenda Santuário Sul e conhecer a história inspiradora do café Geisha. Descubra por que essa variedade é digna de ser apreciada na taça!
Índice de Conteúdo
A Jornada Épica do Café Geisha
conheça mais sobre a história da variedade de café mais rara do momento
Inicialmente, o Geisha conquistou seu lugar devido à sua resistência ao fungo da ferrugem (roya), que ameaçava outras variedades arábicas. No entanto, seu cultivo enfrentou desafios e descrença. Com menos cerejas por planta, maturação lenta e baixo rendimento em comparação com outras variedades, o café Geisha parecia destinado a ser apenas uma curiosidade.
No entanto, nas terras altas do Panamá, onde altitudes imponentes e chuvas tropicais criam um terroir excepcional, algo mágico aconteceu. Foi aí que o Geisha revelou sua verdadeira essência, transformando-se em um grão extraordinariamente complexo e saboroso. Sua reputação é tão delicada e especial que é equiparada aos melhores chás do mundo.
Especialistas em café não economizam elogios às particularidades desse grão notável. Sua maior vantagem está na presença marcante de corpo, destacando-se por sua doçura, acidez e aromas florais. Na xícara, notas de jasmim, bergamota e uma explosão de frutas tropicais e silvestres se entrelaçam, criando uma experiência de sabor verdadeiramente extraordinária.
No Brasil pouquíssimas fazendas se arriscam a cultivar esse varietal, porém, a Fazenda Santuário Sul, do produtor Luiz Paulo, é uma delas. Ele recebeu algumas sementes do café Geisha de alguns amigos e trouxe para o Brasil para começar a seleção. São 12 anos cultivando e acompanhando a seleção genética do Geisha.
Desbravando Fronteiras: A Ascensão do Café Geisha
Desde sua deslumbrante estreia no prestigiado concurso Best of Panamá em 2004, onde conquistou uma extraordinária pontuação de 94,6 de 100 na escala da Specialty Coffee Association (SCA), apreciar uma xícara do café Geisha tornou-se sinônimo de prazer gustativo supremo. Com seu aroma floral envolvente e notas doces e frutadas que são verdadeiramente únicas em relação a qualquer outro tipo de café, essa bebida se estabeleceu como uma experiência sensorial incomparável.
Exportado para apenas alguns países, a um custo considerável – o quilograma ultrapassando a marca dos 130 dólares (equivalente a uma média de R$ 499,20 na atual cotação) – e geralmente comercializado em microlotes, o café Geisha está despertando o interesse de produtores em toda a América Latina. Países como Peru, Bolívia e Costa Rica estão agora cultivando essa joia rara em suas próprias terras. Aos poucos, o Geisha está espalhando sua influência pelo mundo.
No coração dessa revolução cafeeira, encontra-se a fazenda La Esmeralda, uma pioneira no cultivo e na disseminação do café especial nas terras altas do Panamá. A reputação da fazenda transcende fronteiras e suas exportações chegam a 27 destinos ao redor do globo. Entre esses destinos, encontra-se o Japão, onde a bebida tem presença cativa na dieta da família imperial – um testemunho do sucesso absoluto desse grão entre os consumidores de paladar exigente e refinado.
O café Geisha, com sua essência exuberante e características excepcionais, está redefinindo os padrões e estabelecendo novos horizontes para o café de qualidade. Cada gole é uma experiência que transcende o comum, convidando os amantes do café a explorar um universo de sabores e sensações intensas.
Anatomia da planta e características
Como falamos, o Geisha possui baixa produtividade e por isso tem condição de trabalhar bem seus grãos. Nesse sentido, é um café muito doce, geralmente, a medição do teor de açúcar é entre 25 e 30 (Brix).
A estrutura do arbusto é bem característico, pois tem seus ramos sempre apontados para cima. Além disso, a maturação não é homogênea, sendo necessário passar por eles mais de uma vez para fazer a colheita na hora correta.
Desafios de produção do café Geisha
Atualmente, o maior custo de produção do café Geisha está no processo da colheita. Afinal, não é uma variedade que não se desenvolve de forma homogênea como citamos anteriormente, sendo necessário várias colheitas seletivas ao longo do ano.
Comparando a uma variedade de Bourbon Amarelo, por exemplo, que rende de 34 a 40 sacas por hectare, o Geisha renderá de 12 a 15 sacas. Então, todo o investimento de fertilização já é dividido por muito menos sacas.
Além disso, a variedade Geisha ainda é muito sensível à praga chamada Cercóspora e possui algumas incidências de Ferrugem. Este pode ser um dos maiores desafios para os produtores. Como disse nosso grande amigo e produtor Luiz Paulo: “cultivar Geisha não é produzir café, é produzir vida”.
Em resumo, o Geisha é sensível, produz pouco e precisa de muita mão de obra, mas no final, vale a pena cada processo. Verdadeiramente um café digno de ser tomado na taça de cristal.
Complexidade da secagem do café Geisha
Reproduzindo uma técnica colombiana, na Fazenda Santuário Sul, os grãos colhidos do café Geisha são levados para um terreiro suspenso que funciona como uma espécie de estufa.
Em outras palavras, foi criada uma estrutura com telhas azuis, com material especial importadas da Colômbia, para aumentar a incidência de raios ultravioletas e termos o mesmo resultado aqui no Brasil.
O café fica neste ambiente de 35 a 40 dias, onde ventiladores foram colocados para manter a circulação de ar e evitar altas temperaturas. Durante a noite, foi adaptado luzes negras para continuar o tratamento dos raios ultravioletas que inclusive, ajudam no controle de fungos. Veja nas imagens ao lado:
Análise sensorial
Primeiramente, para o método V-60, utilizamos uma proporção de 40g de café para 450g de água (11:1). Utilizamos uma moagem média (n°6 no moedor manual Timemore Click 19 / Bunn G3 6). A recomendação é que você aprecie seu café Geisha na taça para uma experiência ainda mais marcante.
Em nossa análise, notamos que o aroma do Geisha é bem presente e bem adocicado no primeiro momento e remete a notas florais. No sabor, destaca-se extrema doçura, corpo cremoso, acidez agradável e notas de jasmim e mamão papaya.
Você também pode provar o preparo, fazendo uma pré-infusão de 30 segundos utilizando 80g de água, depois faça 3 ataques de água de 123g de água. Note que o resultado destaca ainda mais a doçura, notas frutadas e florais, corpo cremoso deste café.
Saiba mais sobre o produtor de café Geisha
Luiz Paulo Dias é um grande produtor de café e também um grande amigo. A raiz cafeeira já está em seu sangue por gerações, o que constantemente o incentiva a ser também um curioso pesquisador sobre esse fruto tão fantástico que tanto amamos.
Além disso, ele é a cabeça pensante por trás do projeto Santuário Sul. Em outras palavras, o projeto surgiu a partir das muitas comparações que sempre existiu do café brasileiro em relação aos cafés africanos, centrais, etc.
Nesse sentido, Luiz Paulo, incentivado pelo avô, começou a realizar algumas pesquisas, que inicialmente ele chamava de “New Flavors“, com o objetivo de encontrar no café brasileiro algo que pudesse surpreender o mercado. A partir daí, as pesquisas voltaram-se para as diferentes variedades de café, sendo a que mais encantou foi a que acabamos de contar a história: a variedade de café Geisha.
Curtiu essa aventura de conhecer mais sobre esse café raro? Para ficar melhor, só tomando uma boa taça de Geisha. Envie este conteúdo para seus amigos cafezeiros apaixonados por café!
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