introdução
A chamada “quarta onda do café” vem ganhando força, trazendo não apenas novas experiências cafeinadas, mas também um foco maior na qualidade da bebida. Nessa busca pela excelência, produtores de café estão adotando técnicas inovadoras para atender às exigências do mercado, e uma delas que vem se destacando é a maceração carbônica. Mas como essa técnica, que promete aumentar a pontuação dos cafés especiais, funciona? Para entendê-la, é necessário explorar suas origens e impactos.
O que é a maceração carbônica?
Primeiramente, segundo informações do Perfect Daily Grind, Murilo Ferraz Tosta, engenheiro-agrônomo e especialista em desenvolvimento de mercado, explica que essa técnica foi inicialmente usada no mundo dos vinhos. O processo envolve a fermentação das uvas, ainda inteiras e com os cachos, em um ambiente fechado e preenchido com dióxido de carbono (CO2), mais conhecido como gás carbônico.
Embora essa prática seja antiga, especialmente na vinicultura, o termo “maceração carbônica” começou a ser usado somente a partir de meados do século XX. No café, o princípio é similar: o dióxido de carbono é injetado em recipientes, removendo o oxigênio. Normalmente, isso é feito em tanques de aço inoxidável, um método mais caro, já que exige infraestrutura especializada.
Vale destacar que a maceração carbônica se assemelha à fermentação, mas são processos distintos, especialmente pelo uso do dióxido de carbono. Além disso, há também a maceração semi-carbônica, na qual o CO₂ é gerado naturalmente durante o processo, eliminando o oxigênio aos poucos.
Como os Produtores Aplicam a Técnica de Maceração Carbônica?
Produtores podem aplicar a técnica tanto com o café cereja (inteiro) quanto com o despolpado (apenas sem a casca, mas com a mucilagem). Esse processo demanda mais tempo e atenção. O produtor precisa monitorar a duração do processo, a temperatura dos grãos (que não deve ultrapassar 36 °C para evitar efeitos indesejados) e o grau Brix, que indica o nível de maturação do grão.
Outro ponto crítico é o controle da entrada de oxigênio ao abrir o recipiente, o que pode comprometer o processo. Por isso, novas tecnologias estão sendo testadas para evitar a perda de CO₂ nesse momento.
Após a fermentação, o café segue para o processamento tradicional, mas o cuidado com a secagem é fundamental. O uso de terreiros suspensos, por exemplo, é indicado para garantir que o café mantenha sua qualidade durante essa etapa.
Diferença entre a Maceração Carbônica e a Fermentação
Para deixar mais claro, embora a maceração carbônica e a fermentação sejam técnicas similares, elas têm distinções importantes. Na fermentação tradicional, os microrganismos presentes no café consomem açúcares em um ambiente com oxigênio limitado, resultando em compostos que alteram o sabor da bebida. Em contrapartida, na maceração carbônica, o processo é realizado em um ambiente selado, onde o dióxido de carbono (CO₂) é injetado para eliminar o oxigênio, criando um ambiente completamente anaeróbico desde o início.
A principal diferença está no uso do CO₂. Enquanto a fermentação pode ocorrer naturalmente com a presença de oxigênio, a maceração carbônica depende do controle rigoroso desse gás, o que permite uma fermentação mais lenta e controlada, conferindo ao café características sensoriais mais complexas e exóticas.
Cafés Exóticos tem Mercado?
Não se engane, achando que isso é muito trabalho para pouco resultado. Afinal, a demanda por cafés diferenciados e de alta qualidade tem crescido continuamente, especialmente com a chegada da “quarta onda do café”. Prova disso é o sucesso de cafés fermentados, como o que conquistou o primeiro lugar na 19ª edição do Concurso de Qualidade do Paraná com uma pontuação de 86,6. Esse café se destacou por suas notas de frutas como abacaxi, pitanga, e caju, além de uma acidez cítrica marcante.
Nesse sentido, recentemente em nosso Clube de Assinatura, enviamos para os nossos assinantes, um café exclusivo que passou pelo processo de maceração carbônica e que foi o maior sucesso. Então, se você deseja viver experiências diferentes com cafés únicos e diferenciados, conheça nosso Clube e faça parte dessa comunidade de loucos por cafés!
A Importância da Pesquisa para o Universo dos Cafés Especiais
No Brasil, a pesquisa sobre fermentação no café tem avançado, liderada por instituições como a Universidade Federal de Lavras (UFLA), que há mais de 20 anos estuda microrganismos presentes nas plantações de café. Esses estudos resultaram na seleção de leveduras específicas que contribuem para a melhoria dos compostos aromáticos do café.
A fermentação e as técnicas de maceração (carbônica ou semi-carbônica) representam um marco no desenvolvimento dos cafés especiais no Brasil. Graças aos esforços de pesquisa e extensão, o país está cada vez mais preparado para atender aos mercados mais exigentes, tanto internos quanto externos.
Concluindo, com o avanço de técnicas como a maceração carbônica, o Brasil continua a inovar na produção de cafés especiais, ampliando seu portfólio e destacando-se no cenário global. Seja para pequenos lotes ou para atender nichos de mercado mais amplos, essa prática está conquistando espaço e garantindo a excelência dos cafés brasileiros! Já provou algum café que passou pelo processo de maceração carbônica? Conta pra gente sua experiência!
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