Entrevista com os Campeões da Copa Cantinho do Café: Raphael e Roberto

Conheça a história de Raphael Gusmão e Roberto Carvalho, campeões da Copa Cantinho do Café, e como o café mudou suas vidas!

INTRODUÇÃO

O café tem o poder de unir pessoas, criar histórias e transformar rotinas. Prova disso são os dois campeões da Copa Cantinho do Café, Raphael Gusmão e Roberto Carvalho, que abriram suas xícaras e seus corações, para compartilhar como o café deixou de ser apenas combustível diário e virou paixão, hobby, profissão paralela e até ferramenta de amizade.

 

 

Sobre a Copa Cantinho do Café

A Copa Cantinho do Café já se tornou um evento esperado entre os apaixonados pela bebida. A ideia é simples, mas poderosa: valorizar os espaços que cada pessoa monta em casa para viver sua paixão pelo café.

Na edição de 2024, o campeonato reuniu vários inscritos em fases eliminatórias, com votação popular e avaliação técnica. Mais do que premiar o cantinho mais bonito ou a melhor xícara, a Copa mostrou a força da comunidade cafezeira, celebrando histórias, criatividade e dedicação de quem transforma o hábito diário em ritual.

Você pode conferir mais detalhes da edição 2024 no vídeo oficial da Copa Cantinho do Café.

 

 

De remédio a paixão: a trajetória do Raphael

Raphael Gusmão, hoje conhecido no meio cafezeiro pelo seu cantinho impecável e dedicação ao preparo, não começou como um apaixonado por café. Pelo contrário: durante muito tempo, não gostava da bebida.

“Eu não gostava muito… achava amarga demais, às vezes doce demais”, relembra.

O ponto de virada aconteceu durante a residência em cirurgia geral, quando o café deixou de ser opção e passou a ser necessidade. “Eu comecei no café de forma terapêutica, como um remédio mesmo… Eu precisava para ficar acordado”.

Cantinho do café Raphael

Em meio a longas jornadas no hospital, Raphael encontrou uma máquina automática que, curiosamente, se tornou um refúgio. Ali, em poucos minutos de pausa, ele e um amigo reabasteciam a máquina, limpavam a borra e aproveitavam um espresso rápido, não pelo sabor, mas pelo momento de trégua no meio do caos.

Esse mesmo amigo, mineiro, trouxe os primeiros grãos de cafés especiais para ele experimentar. A curiosidade aumentava, e já em São Paulo, durante a subespecialização, Raphael comprou sua primeira máquina doméstica. Achava que teria em casa o mesmo café prático da cápsula, mas logo descobriu que não era tão simples. “Quando a máquina chegou, vi que não era só apertar um botão. Eu já tinha visto vídeos, estudado antes… E percebi que barista não era uma coisa simples, o buraco era mais embaixo”.

A partir daí, a jornada ganhou ritmo. Cursos online, vídeos de YouTube (inclusive da Unique), experimentos caseiros e a descoberta de um novo termo: café especial. Intrigado, decidiu procurar cafeterias renomadas na capital paulista.

Foi no Santo Grão que viveu sua primeira grande experiência. “Eu sabia tudo de teoria, mas prática não tinha nenhuma. Pedi uma torra média, mais doce, e o barista me trouxe um Mogiano. Eu fiquei até com vergonha de colocar adoçante. Aí provei e falei: não, isso aqui é diferente. Eu sinto uma doçura natural. Isso é café”.

Daquele gole em diante, a visão mudou. Vieram erros e acertos na tentativa de reproduzir em casa a qualidade daquela xícara, e muita paciência da esposa, que, segundo ele, “foi cobaia até hoje, coitada”. O micro-ondas saiu da cozinha para dar lugar à máquina de espresso, e o que era passatempo virou cantinho do café.

Hoje, Raphael não apenas aprecia cafés especiais, como também compartilha conhecimento com colegas de profissão. Entre cirurgias, recomenda balanças, moedores e métodos para iniciantes. De consumidor eventual, transformou-se em embaixador informal do café, com uma história que começou como remédio e virou paixão.

Por fim, o auge dessa jornada veio com o reconhecimento na Copa Cantinho do Café, onde o espaço que começou improvisado no lugar do micro-ondas se transformou em um verdadeiro laboratório de aromas e extrações. Moderno, bem iluminado, funcional e cheio de personalidade, o cantinho de Raphael conquistou o primeiro lugar da competição. A foto abaixo mostra o resultado: um ambiente que traduz não só sua dedicação técnica, mas também o carinho e a paixão que ele deposita em cada xícara.

 

 

Do café extra forte ao mundo especial: a história do Roberto

Roberto Carvalho é mineiro de Belo Horizonte, mas atualmente vive em Passos, no sudoeste de Minas, uma região rodeada por fazendas e reconhecida pela qualidade do café. Diferente do Raphael, sua história começou cedo, ainda na faculdade de arquitetura, quando o café era apenas uma forma de sobreviver às noites em claro. “Eu comecei com café tradicional mesmo, extra forte, mergulhado no açúcar”, recorda.

Depois de formado, a vida tomou outros rumos: Roberto se tornou bombeiro militar. Mas foi justamente a rotina em Passos, cercado por cafezais, que despertou nele a vontade de mergulhar de vez no universo do café especial.

Cantinho do café Roberto

“Eu falei: se eu tô numa região tão rica em café, não faz sentido continuar no extra forte”.

Comprou sua primeira máquina — uma Oster, modelo Perfect Brew — e começou a testar. Vieram cursos de barista no Senai, aulas de degustação, classificação e comercialização de café. Tudo para compreender melhor não apenas o preparo, mas a cadeia que transforma o grão em bebida. “Eu sempre tento aprender aos pouquinhos, comprando equipamentos, testando em casa… Não é uma brincadeira barata, mas é uma paixão que vale a pena”.

Assim como o amigo Raphael, Roberto também viveu sua transição definitiva ao provar um café especial preparado da forma correta. O contraste com o café tradicional foi tão grande que se tornou impossível voltar atrás. Hoje, é conhecido entre colegas de quartel como o “chato do café”, aquele que leva Aeropress ou Prensa Francesa para o plantão. “Uma vez que você mergulha no café especial, já era, é um caminho sem volta”, brincou.

Mais do que um hobby, o café se tornou também uma rede de conexões. Roberto já participou de competições e destaca que o maior ganho não são os prêmios, mas as amizades: “Na Copa Cantinho do Café, as primeiras fases deixam o coração acelerado, mas o que sobra é o network, as trocas que ficam para a vida”. Em Passos, ele também ajuda a movimentar a cena local, participando de grupos de cafezeiros que fazem compras coletivas e trocam experiências.

Hoje, o café é para ele um momento de pausa, lazer e até terapia. “Às vezes eu chego à noite em casa, coloco uma música, pego o moedor manual e fico ali, moendo devagar… É um ritual, uma quebra de rotina”.

O ápice dessa jornada veio com o título de campeão da Copa Cantinho do Café. Seu espaço, planejado com cuidado e adaptado para crescer junto com a paixão, conquistou os jurados e o público. Funcional, aconchegante e representando bem o espírito mineiro de hospitalidade, o cantinho do Roberto também foi premiado, prova de que dedicação e amor ao café podem transformar qualquer rotina em uma experiência especial.

 

 

Café como estilo de vida

Tanto para Raphael quanto para Roberto, o café começou como uma questão de necessidade, um “remédio” para sobreviver a plantões e madrugadas de estudo. Mas hoje, ocupa outro lugar: virou paixão, lazer, ritual diário e até forma de expressão pessoal.

Raphael descreve o preparo como um momento de pausa em meio à correria: “Tem dia que acordo atrasado, troco de roupa e saio correndo. Mas quando dá tempo, gosto de ligar a máquina, moer o café manualmente, sentir o cheiro subindo… É quase terapêutico”.

Roberto concorda e acrescenta que o café se tornou uma forma de descanso: “À noite, às vezes chego em casa, ponho uma música e preparo um espresso ou um coado com calma. É o meu jeito de desligar do mundo”.

Essa relação vai além do prazer individual. Ambos carregam o café para os ambientes de trabalho e círculo de amizades, transformando-se em referências entre colegas. Raphael, no hospital, é conhecido por dar dicas de equipamentos e incentivar outros médicos a começarem pelo básico: balança, moedor e café de qualidade.

Já Roberto leva seus métodos para o quartel, onde apresenta Aeropress e prensa francesa durante os plantões. “A gente brinca que vira catequese. Você quer converter os amigos, mostrar que café pode ser muito mais do que aquele extra forte amargo”, conta, rindo.

O café também acabou se tornando identidade. Nos grupos de WhatsApp, no ciclo de amigos e até em encontros casuais, eles são reconhecidos como “os caras do café”. Longe de se incomodarem, eles abraçam esse papel. “No vinho existe o enochato. No café, a gente brinca que existe o coffeechato. Mas é um chato do bem, que só quer compartilhar o que aprendeu”, brinca Roberto.

Mais do que método, técnica ou equipamento, o que define esse estilo de vida é o valor simbólico. O café deixou de ser só uma bebida quente e se transformou em pausa, ritual e comunidade. Uma rotina que, mesmo em diferentes contextos — seja no hospital, no quartel ou em casa — cria laços, gera conversas e aproxima pessoas.

 

 

Cantinhos do café e dicas para iniciantes

Os campeões também deram dicas práticas para quem quer montar um cantinho em casa:

  • Pense no espaço: o café começa pequeno, mas cresce rápido. Invista em móveis modulares e com espaço para expansão.
  • Workflow é tudo: organize moedor, máquina e acessórios em ordem lógica para facilitar o preparo.
  • Estética importa: iluminação, armários fechados (para esconder a bagunça) e uma área aberta (para encantar visitas) fazem diferença.
  • Água e moagem: não subestime esses dois detalhes. Moer na hora e escolher uma boa água transformam o resultado na xícara.

Mais do que beleza ou equipamentos caros, o segredo é planejar um cantinho que seja funcional e que faça sentido para a sua rotina. Pode começar simples, com um moedor manual e uma balança, mas o espaço precisa ser acolhedor, fácil de usar e motivador. Como eles lembram, o cantinho do café não é apenas um lugar para preparar a bebida: é um espaço de pausa, de conversa e até de inspiração no dia a dia.

 

 

Café é mais do que uma bebida

O que fica claro na conversa é que o café, para Raphael e Roberto, é muito mais que cafeína. É encontro, amizade, ritual, aprendizado e até responsabilidade. Depois de visitar fazendas e conhecer de perto produtores, ambos passaram a enxergar cada xícara com outro peso: o trabalho, o cuidado e a dedicação de toda uma cadeia até chegar ao consumidor.

“O café une pessoas. É isso que faz a diferença”, resume Raphael.

E para você, o que o café representa? É só uma dose de energia para começar o dia, um ritual de pausa, um ponto de encontro com amigos ou até um hobby que virou paixão? Compartilhe com a gente como é o seu cantinho do café e qual o papel dessa bebida na sua rotina.

Onde encontrar cafés de qualidade?

Idealizado por Gabriel Guimarães

Gabriel Guimarães

Iniciou no universo dos cafés ao conhecer Hélcio Júnior, diretor da Unique Cafés, que o convidou para se tornar barista ao perceber a facilidade em comunição e paixão, ao ser atendido por ele em um bar onde o mesmo atuava como bartender.

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